Açores: Vulcão dos Capelinhos é "exemplo científico" 57 anos após erupção
O vulcanólogo Vítor Hugo Forjaz diz que o vulcão dos Capelinhos, no Faial, é um "exemplo científico" que mobilizou e continua a mobilizar cientistas nacionais e internacionais.
"Os vulcões submarinos, até então observados, ocorriam longe de territórios habitados (longe da Islândia, longe dos Açores), algumas milhas, e só se tinha notícias alguns dias depois, quando o fenómeno estava à superfície", disse à agência Lusa o responsável pelo Observatório Vulcanológico e Geotérmico dos Açores (OVGA).
O vulcão dos Capelinhos entrou em erupção às 06:45 da madrugada de 27 de setembro de 1957, faz 57 anos no sábado, e esteve em atividade 13 meses, tendo desalojado milhares de faialenses que tiveram que emigrar, mas sem provocar mortos.
Vítor Hugo Forjaz especificou que o vulcão surgiu a "escassos 500 metros a um quilómetro" da ilha do Faial e junto ao farol dos Capelinhos, pelo que foi "filmado, fotografado e gravado desde o seu 'nascimento' até ao dia em que desapareceu, no ano seguinte, em outubro".
"O vulcão dos Capelinhos foi um exemplo científico descrito com pormenor, cartografado, dada a sua proximidade com terra e a sua diversidade de evolução. Passou de submarino a terrestre com uma série de variantes, tendo adquirido a condição de estrela", afirmou.
O responsável pelo OVGA explicou que o vulcão continua, volvidos todos estes anos, a ser observado pela comunidade científica internacional, uma vez que, estando numa ponta da ilha do Faial, foi atingido pela erosão.
"Todos os anos, a erosão dá-lhe um corte, desmantelando-o, podendo-se ver o seu interior, o que permite aos vulcanólogos e aos físicos estudar como o magma se movimenta em fraturas e fendas. Todos os anos temos uma radiografia do interior do vulcão", referiu.
O vulcão dos Capelinhos "não morreu em termos científicos", apesar de não ter a espetacularidade do início da sua atividade, surgindo na ilha do Faial cientistas para procederem à recolha de imagens de filões, lava e bagacina, entre outros materiais, acentuou.
Vítor Hugo Forjaz é natural da ilha do Faial e assistiu, com 16 anos, à erupção dos Capelinhos, referindo que esta foi anunciada por "pequenos abalos de terra".
"Eu estava numa situação especial porque meu pai pertencia à Junta Geral do Distrito Autónomo da Horta. Ele foi das primeiras pessoas a serem chamadas e eu apareci lá em cima, nos Capelinhos. Cheguei lá e vi o mar a borbulhar a escassos metros", contou.
Vítor Hugo Forjaz referiu que o fenómeno deixou os faialenses "admirados", tendo a admiração passado depois para um "certo pavor porque o farol oscilava como se fosse um pêndulo", enquanto as cinzas começavam a queimar as culturas e tudo que era verde.
O vulcão dos Capelinhos possui desde agosto de 2007 um centro de interpretação que preserva a imagem na área afetada pelo fenómeno natural, estando o edifício submerso nas areias vulcânicas.
Fonte: www.noticiasaominuto.com
Acho que foi um bom tema abordado...
ResponderEliminarbom tema
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